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Os últimos tempos em Bagdade – parte 1


Em 23 de maio de 1844 em Shiráz, o Báb declarou a Sua Missão, que era anunciar o iminente aparecimento do Mensageiro de Deus, aguardado por todos os povos do mundo, e preparar a humanidade para esse advento, embora Ele próprio fosse o portador de uma revelação independente, procedente de Deus. Bahá’u’lláh aderiu imediatamente à Fé Babí, que era perseguida pelo poderoso clero muçulmano e tinha levado à morte milhares de seguidores. A partir daí, também Bahá’u´lláh foi preso, exilado e torturado, durante anos.

A partir dos finais do Seu exílio em Bagdade, Bahá’u’lláh começou a fazer referências frequentes às provas e dificuldades que teria pela frente. “Eu vi”, escreveu Ele numa Epístola, “os Profetas e Mensageiros reunirem-Se e sentarem-Se ao Meu redor, lastimando-Se, chorando e lamentando-Se em voz alta. Assombrado, perguntei-Lhes a razão da Sua tristeza, ao que os Seus choros e lamentações aumentaram ainda mais, e disseram-Me: 'Choramos por Vós, Ó Grandioso Mistério, Ó Tabernáculo da Imortalidade!' Eles choraram de tal modo que Eu também chorei com Eles. Em seguida, a Assembleia do Alto dirigiu-Se-Me nestes termos: '...Em breve vereis com os Vossos próprios olhos o que nenhum Profeta viu... Tende paciência!’...Eles continuaram a dirigir-Se a Mim durante toda a noite, até ao amanhecer.”

No início da primavera de 1863, Bahá´u´lláh revelou a Epístola do Sagrado Marinheiro, a qual, em linguagem mística, antevê eventos futuros e fala de traição e separação. Esta Epístola foi lida aos amigos reunidos na Sua presença, a 26 de Março desse ano. Oceanos de pesar brotaram dos corações dos Babís ao sentirem que seriam privados da presença de Bahá’u’lláh. Naquele mesmo dia, um mensageiro entregou a Bahá’u’lláh uma comunicação solicitando uma entrevista com o governador de Bagdade.

No dia seguinte, Bahá’u’lláh recebeu uma carta do Primeiro Ministro do Império Otomano, dirigida ao governador e escrita de forma cortês, que convidava Bahá’u’lláh a viajar para a capital do império, a cidade de Constantinopla. Foi providenciada uma escolta montada para O acompanhar, para a Sua protecção durante a viagem. Bahá’u’lláh concordou com o pedido, mas recusou aceitar o dinheiro que o governo Lhe oferecia para a viagem. O representante do governador insistiu para que Ele aceitasse, dizendo que as autoridades ficariam ofendidas se recusasse. Bahá´u´lláh então, finalmente, aceitou a generosa soma de dinheiro, e distribuiu-a imediatamente pelos pobres da cidade.

A notícia do exílio de Bahá’u’lláh de Bagdade chocou a comunidade Babí. Os amigos ficaram profundamente abatidos de tristeza e, no começo, ninguém conseguia sequer comer ou dormir, tal fora o abalo sofrido. Gradualmente, porém, foram acalmados por Bahá’u’lláh, com as Suas doces e amorosas palavras, e começaram a aceitar o facto de que muitos deles seriam privados da graça de O acompanharem no Seu exílio para Constantinopla. Como prova do Seu amor, Bahá’u’lláh escreveu, pelo Seu próprio punho, uma Epístola para cada um dos amigos que viviam na cidade – homens, mulheres e crianças.

Fonte: Livro 4, Instituto Ruhi


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