Antes de sua conversão à Fé, 'Abdu'r-Rahim, cujo nome original era Ja’far, tinha sido um muçulmano fanático. Tendo notado o crescimento da Fé, uma vez procurou a orientação de um clérigo local sobre qual deveria ser a sua atitude perante os bahá'ís. O clérigo disse-lhe: "lutar contra eles é tão meritório como participar numa guerra santa" e "matá-los é digno de louvor diante de Deus"!

Estas palavras provocaram em 'Abdu'r-Rahim um forte desejo de matar alguns bahá'ís. Levando uma arma, um dia confrontou um velho crente chamado Haji Baba e disse-lhe, em termos inequívocos, que ele tinha vindo para lhe tirar a vida, porque se desviou do caminho da verdade e abraçou a Fé Bahá'í.
Diante da ameaça de morte, Haji Baba mostrou uma calma imperturbável e falou com tal ternura que o coração de 'Abdu'r-Rahim foi tocado. A sua vontade mudou após este incidente, em vez de ser um inimigo com a intenção de matar, ele agora queria investigar a verdade.
Haji Baba levou 'Abdu'r-Rahim à casa de uma crente, onde os amigos muitas vezes realizavam as suas reuniões para ensinar a Causa. A reunião com 'Abdu'r-Rahim durou um dia e uma noite, durante os quais ele esteve sempre envolvido na discussão. No final daquela reunião longa, ele reconheceu a verdade da Causa e ficou repleto de um novo espírito de fé e entusiasmo, que não lhe permitia ficar parado a descansar na sua cidade natal. Sabendo que a Suprema Manifestação de Deus estava nesta terra, ele não podia resistir ao desejo de atingir a Sua presença.
Durante seis meses, Abdu'r-Rahim viajou a pé até chegar à morada do seu Amado - a cidade prisão de Akká. Chegou nos primeiros dias do encarceramento de Bahá'u'lláh na fortaleza, quando a nenhum visitante suspeito de ser bahá'í era permitido nem sequer aproximar-se da vizinhança da prisão. A sua chegada coincidiu com o período em que Nabil-i-A'zam (o grande historiador bahá'í) estava a tentar em vão vislumbrar o seu Senhor. Nabil derramou o seu coração em 'Abdu'r-Rahim e lamentou a sua própria incapacidade de alcançar o seu propósito. Mas 'Abdu'r-Rahim, confiante, tentou circundar a prisão.

Antes de iniciar esta missão tão sagrada, ele decidiu que deveria lavar primeiro as suas roupas, que estavam sujas, por terem sido usadas ao longo da viagem. Lavou-as no mar e esperou até que secassem. No entanto, quando voltou a vestir-se, ficou com um aspeto estranho pois as roupas tinham encolhido e estavam rasgadas.
Com a maior devoção e o coração transbordando de amor por Bahá'u'lláh, 'Abdu'r-Rahim aproximou-se da prisão e começou a circundá-la. Então, para sua surpresa, ele notou que de uma das janelas da prisão, uma mão lhe estava a acenar para entrar. Ele sabia que era a mão de Bahá'u'lláh a convocá-lo para a Sua presença. Correu para o portão da prisão, que era vigiado por soldados, mas os soldados pareciam estar imóveis e sem vida; pareciam incapazes de vê-lo. Eles nem sequer moveram uma pálpebra quando ele atravessou o portão.
Assim, 'Abdu'r-Rahim entrou na presença do Seu Senhor, dominado pela emoção e levado para o mundo do Espírito, comungando com Aquele que foi o objeto da sua adoração e do seu amor. Bahá'u'lláh disse-lhe que, através das mãos do poder, Ele havia cegado temporariamente os olhos dos guardas para que ele pudesse alcançar a Sua presença.
Não está claro quantos dias Abdu'r-Rahim permaneceu na prisão. No entanto, Bahá'u'lláh revelou uma Epístola para ele, enquanto ele lá permaneceu. Nessa Epístola, Ele confirma que fechou os olhos dos guardas para que 'Abdu'r-Rahim pudesse ir à Sua presença e testemunhar a glória do Seu semblante. Ele chama-o pelo seu novo nome Rahim (Compassivo), derrama as suas bênçãos sobre ele e exorta-o a contar a experiência da sua peregrinação aos amigos, no seu regresso a casa.
Antes de partir, Bahá'u'lláh confiou-lhe algumas Epístolas para serem entregues a alguns crentes na Pérsia.
Fonte: The Revelation of Bahá'u'lláh, Adib Taherzadeh.